Imagem: José Cruz /A Br.
500 mil mortos, 1,6 bilhões em contratos suspeitos e milhões em lucros com o “kitCovid”
A expressiva marca de 500 mil mortos, ultrapassada no sábado, 19, não pegou os brasileiros desavisados. Desde o início da Pandemia, 50 mil pessoas morrem em decorrência da Covid-19 por mês no país. No período mais grave da pandemia até agora, a média de mortos por dia ultrapassava os 4 mil. Nos 36 dias, entre 24 de março a 29 de abril de 2021, foram registradas mais de 100 mil mortes.
Em meio a tragédia social refletida pela quantidade de mortos, desempregados e empobrecidos, outros números ganharam destaque no fim de semana na matemática da covid, os lucros com a venda de medicamentos de tratamento precoce e o valor de compra da Covaxin. Diante dos novos fatos, investigação na CPI levanta a possibilidade de corrupção por parte do Governo Federal.
Lucros com a venda de remédios do kit covid
Conforme mostram documentos enviados à CPI a venda de remédios do kticovid gerou um rendimento de R$ 142 milhões a uma das empresas produtoras do medicamento no Brasil, a EMS. Só com a venda de invermectina a empresa lucrou R$ 71,1 milhões, com a azitromicina R$ 46,2 e com a hidroxcloroquina 20,9 milhões. Segundo estimativas, cerca de 25% da população brasileira fez uso do medicamento por causa da covid.
O empenho do Governo Federal em promover o uso do medicamento no tratamento da covid-19, mesmo após a comprovação de sua ineficácia, são para a presidência da comissão fortes indícios de que poderia haver interesses escusos por trás da campanha. Além disto, o registro da ligação telefônica entre Bolsonaro e Modi, primeiro ministro da Índia, em que aquele pede a este a liberação de insumos para a produção de hidroxcloroquina, citando diretamente a empresa EMS,e outra, a Aspen, demonstra o envolvimento direto do presidente com a questão.
Calos Chagas, presidente do Conselho administrativo do Grupo NC, dono da EMS, é alvo de requerimentos de convocação e quebra de sigilo pela CPI.
Indícios de crime na compra da Convaxin.
O contrato de compra de 20 milhões de doses da vacina indiana, entre o Ministério da Saúde e a empresa Precisa Medicamentos, firmado em 25 de fevereiro, teve valor final de 1,6 bilhões. Das vacinas adquiridas pelo ministério, é que tem a dose mais cara, R$ 80,70. Mas não só o preço exorbitante pago chama a atenção, também o fato do contrato ser efetivado sem a autorização para uso da Covaxin pela Anvisa, que inclusive alertou para a falta de garantia do cumprimento de protocolos por parte da empresa produtora.
Chama ainda atenção no caso, a celeridade com que o governo conduziu o processo de compra com a empresa, 97 dias. As negociações com a Pfizer, em contraste, duraram 330 dias. Até o momento nenhuma das doses da Covaxin contratadas foi entregue. O Ministério da Saúde informou que nenhum valor relativo ao contrato foi pagol.
Francisco Emerson Maximiano, sócio da Precisa, depõe na CPI, quarta feira, 23. Nesta semana depõe também a CPI, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS), dia 22 e Felipe Martins, assessor especial da Presidência da República para Assuntos especiais, no dia 24.