Pandemia: vimos as nossas vidas, que já eram parcialmente virtuais, inundadas de tecnologia. Com a instauração do “home office” (trabalho em casa), as reuniões, antes pessoalmente, passaram a ser realizadas online. As redes sociais tiveram um BOOM e hoje vivemos em um mundo de Zoom, Tik Tok, Youtube, Instagram, Clubhouse, etc. quase 24h por dia na frente das telas.
Incrivelmente, muita gente fez MUITO dinheiro nesse ano de crise, faturando milhões monetizando a visualização de conteúdo. Hoje “influencer” e “youtuber” são profissões reconhecidas e o número de seguidores de um artista ou canal pode ser uma característica importante no seu currículo. Infelizmente. Existe uma falsa impressão de que o número de seguidores pode vir a levar o público a consumir mais, levando distribuidores a crer que contratar artistas com mais seguidores, poderia ser o caminho para uma bilheteria de sucesso.
Mas tudo mudou. A arte mudou. Tenho acompanhado criações de conteúdo online há bastante tempo, analisando o que é consumido e também o que é postado. Tem muita coisa de má qualidade na internet, mas tem MUITA coisa boa. Vejo que muites artistas vem quebrando as barreiras do online e produzindo conteúdos interessantes: de instalações artísticas a dublagens, tutoriais de maquiagens a espetáculos online e aceitando que a forma de fazer arte MUDOU. Sinto que “o que é arte” expandiu e sua forma de consumo também. Os NFTs, por exemplo, que são tokens criptográficos não fungíveis (registro de um bem/ativo em formato digital), representam um novo formato de consumo de arte, ampliando as fronteiras da expressão artística.
Confesso que pensar sobre o futuro da arte no Brasil me causa um pouco de medo. Vivemos em um país que sofre de fome, analfabetismo e falta de oportunidades virtuais para toda população, onde os novos movimentos online me parecem inalcançáveis para todos. Talvez essa seja a minha resistência a um futuro artístico totalmente virtual ou a noção de que nosso país precisaria de um forte movimento de democratização do acesso à internet, de subsídio governamental e um maior entendimento a respeito da regulação dos direitos autorais na internet para que a arte online pudesse contemplar não só o público, mas também os artistas. Porém, mesmo com tudo isso, fico cada dia mais admirada com a criatividade do povo brasileiro, que mesmo em um período tão ruim como o que estamos vivendo, pode continuar resistindo e fazendo arte lindamente, seja online ou offline. VIVA A ARTE BRASILEIRA!
