Quarta-feira, 11 de agosto, pouco depois das 20h. Fiquei sabendo da morte de Paulo José e, no impulso das redes sociais, postei no Instagram e no Facebook, algo que há muito tempo penso sobre esse artista. Muitas palmas para Paulo José (1937-2021), o maior ator do cinema brasileiro! Só que Paulo José também é um dos grandes atores e diretores do nosso teatro e, com o mesmo talento, teve momentos marcantes e de enorme repercussão na televisão, como ator e diretor.
Paulo José foi combativo na visão política, articulado e coerente na vida. Pensando bem, acho que Paulo José é o maior ator brasileiro porque não enxergo outro que tenha transitado com o mesmo brilhantismo nas três linguagens, tendo sido popular e refinado e, ainda por cima, feliz. Em tempos de streaming, fiz uma lista de dez grandes filmes protagonizados por Paulo José que podem comprovar a minha teoria.
O Padre e a Moça (1966). Sob a direção de Joaquim Pedro de Andrade, Paulo José é o religioso dividido entre a batina e o desejo pela personagem da atriz Helena Ignez.
Todas as Mulheres do Mundo (1967). Depois do padre, Paulo José foi o conquistador incansável da comédia romântica de Domingos Oliveira. Era o namorador por excelência até Leila Diniz cruzar seu caminho e fazê-lo entender que existem vantagens em ser o homem de uma mulher só.
Macunaíma (1969). Nem precisa dizer nada! A genial adaptação de Joaquim Pedro de Andrade para o livro de Mario de Andrade teve em Paulo a representação do típico brasileiro, o herói sem nenhum caráter, tropicalista e universal. Clássico e obrigatório!
O Rei da Noite (1975). Sob a direção de Hector Babenco, o ator viveu Tézinho, o paulistano de família decadente que não dispensa os prazeres da vida. No filme, Paulo formou uma inspirada dupla com Marília Pêra, a prostituta Pupi.
Faca de Dois Gumes (1989). Adultério e corrupção formam a base da trama deste eletrizante drama policial dirigido por Murilo Salles com base na obra de Fernando Sabino.
Benjamin (2004). Versão do romance de Chico Buarque filmada por Monique Gardenberg em que Paulo, com seu olhar triste, interpretou o personagem-título, incapaz de esquecer o amor de um passado distante.
Juventude (2008). O cineasta Domingos Oliveira produz um bonito e irônico retrato da velhice a partir do reencontro de três amigos (interpretados por Paulo, Domingo e Aderbal Freire-Filho), todos perto dos 70, que se reúnem para celebrar a vida.
Quincas Berro d’Água (2010). Sérgio Machado dirigiu a adaptação da novela de Jorge Amado. Paulo José é o personagem-título, que cai na farra, morre e continua sendo motivo de festa e alegria para os amigos.
O Palhaço (2011). Diretor e protagonista, Selton Mello é o jovem palhaço de um circo mambembe disposto a deixar os picadeiros e não seguir o caminho do pai, o velho Valdemar, papel de Paulo.
Todos os Paulos do Mundo (2017). O ousado documentário dirigido por Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira homenageia as seis décadas de carreira de Paulo José em uma narrativa formada apenas por imagens de seus personagens tão diferentes. O material de pouquíssimos atores seguraria uma edição dessas…
Imagem em destaque: Cena de “Quincas Berro d’Água” (2010), de Sérgio Machado Videofilmes / Divulgação