Imagine uma pessoa gentil. Sorriso fácil. Um gênio das artes cênicas que fazia de conta que não sabia disso. Esse era Paulo José que teve três espetáculos apresentados na Fita.
O primeiro foi logo na primeira edição em 2004: O inspetor geral, montagem do grupo Galpão, teve a sua direção. Um primor.
Depois veio Um navio no espaço, texto sobre poetisa Ana Cristina César. Era um espetáculo delicado que estreou num teatro para 100 pessoas no Rio estrelado por Paulo e sua filha Ana Kutner. E Paulo tremeu nas bases quando viu a tenda para 1.500 lugares. Quase implorou para reduzir o público para 300 pessoas, mas quando informei que os ingressos estavam vendidos, cedeu e resolveu enfrentar a parada. Foi um sucesso. A plateia sensível emocionou-se com a encenação e os atores também.
Dissipada a tensão, Paulo José não cansava de elogiar a estrutura da FITA e, principalmente, o publico. No jantar, o prato principal era vieiras produzidas na Ilha Grande e Paulo teve mais uma razão para se apaixonar por Angra. Repetiu muitas vezes “Belo Festival” e elogiou por onde foi perguntado.
Dois anos depois, retornou para estrear uma peça escrita pelo então seu genro Walter Daguerre e protagonizada por duas de suas filhas Ana e Bel Kutner. Era Histórias de Amor Líquido, mais um sucesso.
Paulo José, como disse nosso colunista de cultura Dirceu Alves, é o maior ator da história do Brasil. E eu concordo plenamente. Nada do que ele fez mereceu críticas. Pelo contrário, só acrescentou facetas à arte de representar. Fez humor, drama, foi galã e anti-herói. Nunca se perdeu na sedução da fama e, na reta final, não permitiu que a doença o destruísse antes da hora.
Em 2009, o Alzheimer já estava avançado mas continuou trabalhando duro. Fez filmes, novelas e séries. Incansável. A FITA, Angra e o Brasil agradecem.