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Para ser deputado, Greguy detona Gabi e posa de herói anticorrupção. Pirou, né.

PAPO DE ESQUINA

Discursos bombásticos com ações dramáticas, devidamente gravadas em vídeo e largamente distribuídos pelas redes sociais, catapultaram ilustres desconhecimentos para mandatos de deputados federais e estaduais em 2018. Um cidadão que tinha obtido apenas 450 votos para vereador em Nova Iguaçu explodiu nas urnas com mais de 100 mil votos, usando essa técnica e colado em Bolsonaro. Um candidato de Petrópolis quebrou uma placa de rua com nome de Mariele Franco e também escalou uma votação imensa. Seu nome, Rodrigo Silveira.

Na eleição de 2020, um policial militar que simulava também fez festa nas urnas com seus vídeos onde posava de herói. Nome dele Gabriel Monteiro que agora está envolvido em escândalo por falsificar ações policiais e acusações de estupro de adolescente, filmar e distribuir vídeo nas redes.

Gabi e o vereador carioca Gabriel Monteiro envolvido em escândalo de vídeos falsos e abuso sexual de adolescente

Em Angra, na eleição passada, esperava-se que o policial Greguy Duarte que copiou o modelo de autopromoção com vídeos demolidores, fosse candidato a vereador. Preferiu lançar a mulher Gabriela que se registrou como Gabi Greg, surfando na popularidade do então marido. Eleita rompe com o marido meses depois e se envolve numa sucessão de escândalos por infidelidade conjugal. Gabi manteve vídeos críticos nas redes, com denúncias verdadeiras ou não. O que importa são os cliques e curtidas. Alias, Gabi e Gabriel Monteiro tornaram-se amigos íntimos, como sugere uma selfie do próprio vereador carioca.

Greguy montou a estrutura do gabinete de Gabi e comandava as operações nos primeiros meses de mandato. Até que, após uma cirurgia de implantes de silicone nos seios, Greguy a acusa de estrear a nova comissão de frente com um amante. Ele se desequilibrou emocionalmente e de lá pra cá, protagoniza escândalos que viraram a delícia dos fofoqueiros dentro e fora das redes sociais.

Candidato a deputado estadual ensaiou uma reconciliação, fez mea culpa de suas posições machistas na relação com Gabriela e até gravou vídeos vestido de mulher para mostrar seu lado, vamos dizer, feminista. Mas tudo foi para o espaço quando encontrou Gabi acompanhada do ex-vereador José Augusto na boate Hipnose. Deu ruim. Fez um escândalo na porta da casa noturna e distribuiu áudio contando tudo nas redes sociais.

Dez dias depois, Greguy ataca de novo. Agora, num vídeo mostrava uma gravação onde Gabi confessa uma negociata para votar a favor de uma lei esdrúxula que aumentou número de cargos de confiança na Câmara que foram distribuídos entre os edis para livre nomeação de seus apadrinhados. Ele quer posar de herói contra a corrupção mesmo que tenha que atropelar a mãe de seus filhos.

Há mais de seis meses, circulou um áudio nas redes sociais em que combina com um ex-assessor de Gabi para filmá-la recebendo dinheiro de rachadinha, prática em que funcionário de político divide o salário com o titular do mandato.

Greguy só esqueceu que no inquérito policial que apura as denúncias de supostas rachadinhas no gabinete de Gabi, que teriam pagado até o silicone, ele é um dos que recebe parte dos salários dos funcionários.

Uma farsa, uma construção de realidade paralela. Um discurso articulado para seduzir os incautos. No fim tudo fica risível. Seria cômico se não fosse trágico para a boa política. E tem muito ingredientes para acabar em tragédia.

João Carlos Rabello

Jornalista trabalhou em O Globo, TV Globo, presidiu o lendário jornal PASQUIM, dirigiu a Rádio Angra e o Jornal Maré. Atualmente é o curador da Festa Internacional de Teatro de Angra- FITA

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