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Angra dos Reis
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Angra dos Reis

EM 20 ANOS ANGRA DOBROU E FICOU GAGÁ

Hoje Angra dos Reis tem mais de 210 mil habitantes. No ano 2000 tinha pouco mais de 100 mil moradores. O que significa isso pra você? Me ajude a analisar…
Considerando que 2.500 pessoas nascem a cada ano na cidade, mais de 50 mil pessoas vieram de outros lugares. Nasceram em outras cidades. Trazem pra Angra suas histórias, seus costumes, suas virtudes e vícios, sua ligação com a terra em que nasceu.


Muitos de nós, que viveram em Angra nos anos 60, 70, 80, 90 falam de uma cidade maravilhosa, de hábitos encantadores, de cadeiras nas calçadas, de bares e casas noturnas fantásticos, de um convívio em escolas maravilhosas, com práticas éticas, com estrepolias mirabolantes.
Era importante a gente entender que houve uma ruptura entre aquela Angra, e essa Angra de hoje. Metade das pessoas que nos rodeiam não fazem ideia do que falamos quando evocamos a Angra do passado. A gente fala uma coisa que por vezes se torna desinteressante por desconhecimento do interlocutor. Nossa mensagem envia códigos que não são captados plenamente pelo ouvinte. Nossa mensagem não é decodificada adequadamente pela pessoa que nos assiste.
O que queremos falar, e para quem queremos falar? Se é sobre Angra antiga, babou. A pessoa provavelmente não faça a menor ideia do que estejamos falando, e está sendo, no máximo, educada em respeitar esse nosso carinho com a tal Angra do passado.
É aquela conversa de pessoas que escutam mal, uma de cada lado da rua:

  • Fulano, está indo pescar?
  • Não, vou pescar.
  • Ah bom, pensei que já estava indo pescar.
    Pois é, vivemos reclamando dessa ruptura. Um belo dia, Angra acordou e havia esquecido sua memória, seu passado, suas virtudes, seus hábitos. E nunca nos damos conta de como isso aconteceu.
    Quando dividimos coisas da história de Angra nas redes sociais, era muito interessante que cuidássemos da narrativa, adoçássemos o argumento, apresentássemos os personagens. Colocar imagens antigas de pessoas, de lugares no passado, de coisas de nossa Angra antiga pode não significar nada pra metade da cidade, e até mesmo muito pouco para outra metade.
    Sem a narrativa, não vamos chegar a nenhum lugar, tal qual estamos hoje. Pode não significar que não estejam dando importância, mas que não estão entendendo nossa cantilena.
    Repito como um mantra: SÓ PRESERVA QUEM AMA, SÓ AMA QUEM CONHECE. Mas conhecer não é tudo, pra amar, precisa ter um namorinho. A narrativa precisa ser simpática. A beleza que contamos precisa se apegar nesse mundo que está aí, nesse diálogo que está aí, nesses códigos que essa nova população usa.
    Entendam que não estou dizendo que quem veio morar em Angra é originário de tal lugar, ou tem a classe social específica. Estou considerando ter vido gente de todo o mundo, com várias faixas de renda. Mas estou falando deles, pra chegar em nós, que conhecemos uma outra Angra. Nós que queríamos muito que muita coisa novamente acontecesse. Queríamos muito que as novas gerações tivessem acesso a certos valores.
    Uma coisa é certa: RECEBEMOS UMA ANGRA MUITO MELHOR QUE A ANRA QUE ESTAMOS ENTREGANDO. Mas ainda há tempo. Precisamos ser eficazes com a nossa narrativa, e descortinar uma cidade melhor.
    Como não canso de repetir, muito mais bonito que os verdes das matas se misturado aos azuis diversos de nossos mares, o mais bonito de nossa cidade é a sua gente.

Nilton Júdice

Nilton Judice é publicitário e criador da página Simplesmente Angra nas Redes Sociais.

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