Hoje o meu coração está chorando por mais um golpe na história da Ilha Grande. O que aconteceu me ajuda a responder o porquê de nada da história de D. Pedro II estar pelas ruas do Abraão, se além de frequentar aquele lugar, dali ele se despede chorando, e ao embarcar para o exílio definitivo pergunta: “Onde foi que errei?!” Hoje começo a entender o porquê da única história contada para os que ali chegam é a fuga de helicóptero do bandido Escadinha. E assim repetimos a pergunta de D. Pedro II: Onde foi que erramos? Trabalham há anos pra transformar a Ilha Grande meramente em Ilha das Grades.
O longo processo de 1979 a favor do tombamento da Secular Igreja de Sant’ Anna, na praia da Freguesia foi indeferido pelo IPHAN. Registros provam no mínimo que tal prédio foi reconstruído em 1843 nas terras do Major Bento José da Costa, que o doou à Mitra Diocesana, e que por ali passou pelo menos D. Pedro II.
O fato da Prefeitura salvaguardar parte do acervo da Igreja no Museu de Arte Sacra, ainda foi usado contra o tombamento pelos algozes da história de nossa gente.
E fica a pergunta: A QUEM INTERESSA QUE O POVO DA ILHA GRANDE NÃO TENHA HISTÓRIA?
Daí a gente começa a entender os porquês de nada da Ilha estar preservado e exposto em público para que as crianças ensinem aos milhares de turistas que chegam pra conhecer nosso paraíso.
Dom Pedro II, Dona Janete, Meu Santo, Seu Constantino, Madame Satã, Dona Vilma Gontijo, Gilson Maluco, Dra. Tina, Marcelo Russo e muitos personagens que construíram o que a Ilha Grande é, olham perplexos do céu dos caiçaras pra tudo isso que está acontecendo.
Só queria partilhar com vocês aqui uma opinião: Esta morte do tombamento não foi feita hoje, ela vem sendo consolidada desde 1979, e todos os políticos que passaram por Angra dos Reis desde então, ajudaram a escrever a história da morte da história. Alerto aos políticos de hoje, que eles têm a chance de fazer o que nunca foi feito.
Rezo hoje pra Santa Ana, padroeira da fertilidade, padroeira dos avós, e padroeira da educação, e avó de Jesus, interceder junto a seu neto para que eu não descreia nos homens. Que a minha esperança de que um dia teremos a história no meio da rua na Ilha Grande e aqui no continente, contando como nosso povo é tão bonito pelo que faz, pelas pinceladas de narrativas que o quadro mais belo continuará sendo pintado e repintado por nossos personagens através dos tempos.
“Un pueblo sin memoria es un pueblo sin futuro”